quarta-feira, 7 de julho de 2010

Continuação; Solidão, que nada

No seu mundo da fantasia, ela podia chorar, rir, brincar, sonhar e ser feliz. Agora ela não sabe nem mesmo se essas palavras existem. Se existirem ela ainda não as encontrou, talvez estejam perdidas em algum lugar que ela não tem forças pra procurar.
A melhor solução, parece ser voltar para a fantasia, o real é tão pouco satisfatório. O real é vazio de muito, a fantasia era repleta de pouco. E aquele pouco lhe fazia feliz e completava, mesmo que ela não se desse conta disso. Agora já é tarde pra ter percebido, se pudesse ter sabido disso antes - quando ela queria ter o muito - se soubesse que esse muito na verdade não é nada, é vazio, tudo seria diferente. Mas agora ela está no real e o real não permite “se”. O real não deixa que ela busque a sua fantasia novamente. Talvez porque não tem mais volta. Nem mesmo implorar pode mais, não que ela não tenha tentado e sim porque não funcionou.
De repente ela se da conta que talvez não consiga voltar porque foi ela mesmo quem o destruiu. Ela acabou com o belo que ali existia, e agora como reconstruir? Será que além de viver com o real ela agora vai carregar a culpa de ter destruído a fantasia? Isso já é demais, não é possível. Até mesmo reconstruir ela já tentou, mas ele não pareceu se abalar. Talvez o encanto dele, por ela tenha acabado. Realmente não se pode ser muito feliz, por muito tempo,a felicidade transborda e então tudo acaba, acho que é essa a conclusão que se pode tomar no fim de tudo, isso se tiver chegado mesmo ao fim. Quando a vida lhe oferece um sonho muito além de todas as suas expectativas, é racional se lamentar quando ele chega ao fim? Reclamar parece pouco plausível. Sendo assim a única coisa que lhe resta fazer é conformar-se. Mas isso não a tornaria fraca novamente?
Será que a resposta para tudo esta no próprio sofrimento, será que ele se revela no momento certo? Mas esperar por isso é doloroso demais. Ou então quem sabe a solução seja buscar outra maneira de ser feliz. Mas não podem existir duas felicidades, alguma delas seria falsa, seria fugaz... Mas qual delas seria? Será que se deve então tentar?Mesmo que tudo aponte para o não, para o não vai dar certo?
Ela só queria poder voltar no tempo, mas com todos os aprendizados que ela esta tirando das experiências vividas agora. Mas isso já não é possível. E reconstituir também não o é. Tudo já mudou, quem lhe proporcionava o mundo das fantasias maravilhosas, já não é mais o mesmo, já não quer ela nem que ela fosse a mesma.
A vida agora não passa de um pesadelo monótono e imutável. E ele não sabia – jamais saberia - exatamente o que ela estava sentindo. O paraíso servido num prato; e o prato se quebrara e o paraíso escorregara por entre seus dedos, sem nem mesmo haver tempo de fechá-los com força. Talvez ele nunca tenha estado ali, o mundo das maravilhas era apenas ilusório. E agora se deparar com a verdade, é frustrante e doloroso.

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