quarta-feira, 7 de julho de 2010

Solidão, que nada

OBS: Nem tudo que está aqui é uma estorinha sobre mim. Criar um diário não é nem de longe o meu objetivo. São apenas textos, sobre coisas que vi, li ou ouvi. Ou coisas que gosto e acho que vale a pena por aqui. Só para esclarecer os não esclarecidos ;)

Lá estava ela deitada na cama, num quarto em que tudo fazia lembrar-se dele. Os presentes, as fotos, os lugares onde ele esteve e sentou-se. E ela chorando, na cama onde ele esteve e com ela deitou. Estava ali sem saber se chorava e acreditava que com as lágrimas iria sua tristeza, ou se levantava e criava uma meta para sua nova vida, sem ele. A primeira opção lhe parecia muito ingênua e ingenuidade era tudo o que ela não poderia ter naquele momento, no entanto era a mais fácil, e não precisa de muita força. A segunda por sua vez era muito mais madura e decente. Ficar deitada como uma coitada não melhoraria nada, ela sabia.
Decidiu então por levanta-se. Fazer isso sozinha seria muito mais difícil, mas tantas pessoas já conseguiram não é mesmo? Não é o fim do mundo, ou é? Ela se sentia boba, mas essa era uma característica de quem apenas chora, então deveria ela voltar pro seu estado de inércia? Isso não era o que queria, queria ser forte, derrotar o inimigo, e depois poder contar sua história de heroína! Embora ninguém fosse querer ouvi-la de tão banal que seria.
Pedir ajuda era a única coisa que ela não queria de forma alguma, além do mais faltava o ‘quem’ para se pedir. Não queria parecer fraca, aquele tipo de pessoa que não sabe resolver seus próprios problemas. Além do mais ninguém parecia adequado para dar esse tipo de auxilio. Ou talvez fosse ela quem não era adequada para pedir qualquer tipo de ajuda.
A dúvida agora, era se lembrava dos motivos da sua tristeza e analisava-os de maneira racional para assim poder esquecê-los, ou se simplesmente trancava-os em algum lugar bem escondido na sua mente. Dessa forma, eles poderiam aparecer como fantasmas para assombrá-la a qualquer momento. Certamente não era esse tipo de coisa que ela queria, sendo assim colocou-se a lembrar os fatos.
Primeiro fora ela quem errou, ela que traiu a confiança dele. E ele, como sempre, muito superior a qualquer atitude que ela algum dia sonhara ter nesse tipo de situação, a perdoou. De alguma maneira ela inverteu a situação e o transformou em um fantoche no teatro em que ela comandava. Mesmo com muitos avisos não pode perceber que estava perdendo aquele que foi o melhor que ela poderia ter. Ela o movia de maneira errada, ou talvez quem se movia errado era ela. O teatro de maravilhas falhou, a peça acabou. E agora o que lhe resta é a vida real, coisa que ela, até então, não tinha se deparado. A vida real é cheia com seus medos, que lhe assustam a todo momento. A vida real não é tão fácil de manipular. Na vida real ela não sabe os jogos, no teatro ela os conhecia e dominava, mas agora é quase leiga.
Logo o seu maior medo veio para atormentá-la; a solidão. Não estava sozinha de fato, poderia estar em qualquer lugar cheio de gente, mas não se sentiria completa. O vazio voltou ao seu peito, aquele lugar que antes estava cheio agora parece ter transbordado até esvaziar. Talvez não seja justo alguém ser tão feliz por muito tempo. Toda a felicidade que ela pode sentir, agora vai para outro lugar. Agora ela não tem mais nenhum controle sobre nada, e nem chorar lhe é permitido, agora é vida real. Na vida real não se chora, na vida real não se sonha, na vida real se age, querendo ou não, podendo ou não.

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